sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Dizem que não há nada melhor para um escritor que uma grande dor, pois abre-nos o coração e a mente, acontece e eu acho que não há maior dor que a perda de um parente, ainda mais de uma mãe. Este é um poema da minha irmã, que apesar de ser pequenina é uma grande menina e será certamente uma grande mulher.

Mamã...

Quem não merece
É a quem mais acontece
Quem é bom
Leva com o que de bom nada tem
Sem ti não sou ninguém
Ó minha almejada mãe
volta para os meus braços que tanto te querem

para eu poder voltar a dizer "Mamã"

Porque o meu coração sem ti está ao abandono,
como uma flor que sem água murcha
Sem ti sou um deserto com um caminho para o nada
e chegada à rua da Mágoa
Não me deixes aqui só,
com alguém que nada tem
Só o teu carinho me pode alimentar
Vou morrer
de nunca mais te ter.

sábado, 20 de novembro de 2010

A pensar um pouco nos corações

Hoje, nada mais nada menos, passei o dia nas nuvens. Tal como é habitual, passear o cão fazia parte das "things to do" da agenda de hoje. Dirigimo-nos até ao parque mais próximo e por lá ficámos, eu com a cabeça na lua, ele com o focinho nas ervas. Olhava para o meu cão e pensava: no que pensarás tu?
A falta de informação à cerca do cérebro humano, na minha opinião, pouca, é desconcertante. Apenas 10% do cérebro é usado. O nosso hemisfério dominante é o esquerdo (pelo menos em aproximadamente 98% dos humanos), é responsável pelo pensamento lógico e competência comunicativa enquanto que o direito é o inverso; este fica responsável pela criatividade e pensamento simbólico. Contudo isto são apenas palavras, o que dizer dos cães?
Do nada que sei sobre cérebros caninos, e por mais que digam que os animais agem por instintos, não consigo aceitar algo assim. O que dizer daquele par de olhos carinhosos que me olhava a pedir um pouco de carinho? E de cada vez que me observava a fazer algo, aquela sua "expressão" curiosa que me fazia sorrir... não creio que possa haver ser vivo sem sentimentos, apenas instintos.
Temos o bom exemplo dos gatos; grande parte das pessoas consideram estes adoráveis felinos como traiçoeiros e infiéis, mas não será mais a incapacidade de os compreender? Conheci alguém que dizia: "quem tem cão é quem não tem capacidade mental suficiente para ter um gato". Escusado será dizer que essa pessoa era uma grande apreciadora de gatos. Porém podemos ver um tanto de realização nisto: 80% das pessoas que têm cães não têm a mínima paciência para os gatos. Na minha opinião para se ter um gato é preciso ser-se atento e paciente. Um gato não vem logo a correr e a abanar a cauda mal vê uma pessoa,não confia tão cegamente como os cães num estranho. Temos que conquistar a confiança de um gato e, eu acho, o seu coração. Vejo os gatos como pessoas com uma personalidade fincada. Daisy, a minha pequena amiga tem uma personalidade um tanto solitária, gosta de ter o seu espaço, é curiosa como grande parte dos felinos, teimosa e muito esperta. Além disso, e apesar do que pessoas que a tenham conhecido digam, ela é um ser fiel e carinhoso. Tenho-a desde pequena, desde a altura em que era uma pequena bola de pêlo preta e tímida. Hoje, é uma gata bem constituída e que apenas consegue dormir junto a mim. Quando me perde mia até que eu diga o seu nome, vem ter comigo e faz-me uma pequena festa de boas vindas até se ir deitar junto a algum dos meus bonecos. De cada vez que a olho vejo como impossível a ideia de que esta amiga possa ser da forma que é apenas por instintos.
Às vezes prefiro olhar para o mundo de uma forma que para alguns pode ser estranha do que olhar para ele com a frieza que todos olham. Os nossos animais de estimação são os únicos amigos que nunca nos irão abandonar.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Nada Interessa

Os pés juntos no chão e a cabeça no céu.
As asas que a ela se pregavam tinham crescido
com as suas lágrimas.
E agora que já não chorava ela sentia-se
uma personagem das fábulas.

Não era real nem existia.
Era tanto ou menos que as asas.
Ela apenas tinha um sentimento que a precedia.

Um foco de luz esperançosa consumia-a cá dentro.
O nada que ela era evidenciava o coração;
ainda batia...ainda estava no centro...
Tudo o resto não interessava nem era importante.

Surgiu um clarão e os pés desprenderam-se.
Nada interessava...
As asas gritaram correndo para o céu e era verdade:
nada interessava!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Poderia saltar e correr o mundo...

Uns grandes abraços agarraram-me e disseram-me para ir.
Empurraram-me para o caminho esbranquiçado à minha frente.
Eu fui.

Era uma paisagem imortal.
Imagens de nuvens, branco, azul, preto,

roxo...
Tudo se abraçava ao mesmo tempo.

Uma força que vinha de baixo, que nos mantinha no devido lugar.
Essa força trespassava-me e logo nascia em mim o que tinha perdido.

Poderia cair para sempre...
Voar para sempre...
Abrir os braços e somente ficar longe do mundo,
para sempre...